
Se a expressão brain rot foi a palavra do ano Oxford em 2024, nada mais justo que media literacy seja a de 2025.
Pelo menos essa é a nossa opinião. Enquanto brain rot é uma expressão que descreve o abuso de conteúdo rápido e fácil em redes sociais que estimulam o scroll para baixo, a media literacy é uma resposta adequada por representar, de certa forma, o contrário.
2025 vai ser lembrado na história como o primeiro ano em que múltiplos sistemas de IA já “finalizados” como produtos passaram a competir entre si por mais usuários e clientes.
Esse modelo amigável, de chatbot infinito que responde praticamente tudo, praticamente exige conhecimento avançado de media literacy de profissionais de marketing.
Ou seja: consumidores precisam de media literacy como uma resposta ao brain rot. E profissionais precisam ser experts em media literacy para sanar essa necessidade.
Mas falando assim, com o limite desse formato introdutório, é bastante complicado. Neste artigo vamos explorar melhor o que é alfabetização midiática exatamente, e o por quê dela ser tão necessária para profissionais de marketing.
O que é media literacy — três abordagens diferentes
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Entender a alfabetização midiática é um processo interessante, porque o conceito tem várias abordagens diferentes, dependendo da área que você analisa.
No geral, o termo alfabetização midiática está relacionado com a identificação de um formato de mídia, e a apreciação do conteúdo levando esse formato em conta.
Por exemplo: quando você vai assistir uma peça de teatro, é esperado que você entenda o que é uma peça de teatro. Ou seja, você é letrado em mídia o suficiente para saber que você está vendo uma peça, e que aquilo não está acontecendo na vida real.
No final de Romeu e Julieta, ninguém está chamando a ambulância para levar embora os atores que beberam veneno. Isso é letramento midiático.
Porém, existem formas diferentes de analisar a média literacy no século que vivemos:
- A abordagem pedagógica: diz respeito ao ensino das crianças, muitas vezes em escolas, sobre as mídias digitais que elas já consomem. Nós aprendemos a mídia do teatro na escola, por exemplo. Mas as crianças hoje não aprendem o YouTube Shorts na aula de literatura;
- A abordagem sociológica: relacionada à necessidade que todos nós temos de sermos letrados digitalmente também. Geralmente essa responsabilidade é legada aos próprios usuários da internet, especialmente nas redes sociais, o que vem causando sérios problemas até na estrutura governamental de vários países, inclusive o nosso;
- A abordagem do marketing: é definida como a necessidade urgente que profissionais de marketing têm em se tornarem cada vez mais letrados em mídia, mas não só em um nível superficial — é necessário ser expert em várias mídias, nichos, grupos e assuntos para ser um profissional 360.
Não é da nossa alçada tecer comentários pedagógicos ou sociais, mas conseguimos conversar melhor sobre media literacy no marketing.
No próximo tópico, vamos conversar sobre o motivo da média literacy ser importante no marketing, e como exatamente ela se apresenta nesse contexto de mercado.
A media literacy e o marketing de conteúdo
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O mundo que vivemos hoje no marketing de conteúdo é bem diferente do que existia antes da pandemia mesmo.
Os tempos mudam constantemente, mas do jeito que eles vêm mudando é algo realmente inédito.
O Google sempre foi o padrão das pesquisas, e ainda continua sendo. Porém o próprio Google vem, pouco a pouco, tirando o foco das respostas vindas de artigos listados e colocando o spotlight no Gemini.
Só uma questão para esclarecimento: isso não signfica que o Google está perdendo espaço. Ele ainda é o site mais acessado do mundo.
Porém, já ficou claro que a IA consegue fazer o trabalho que estava relegado ao SEO desde sempre, mesmo cometendo os erros que ela comete.
Esses erros são, pelo menos para quem já trabalhou com a gestão de marketing, tão comuns em textos escritos por redatores quanto escritos por IA.
É nesse mundo que a media literacy é necessária. Para um conteúdo se destacar e ser original, é necessário ter redatores com vasto conhecimento nas mais diversas mídias que compõem a internet.
Mas como isso acontece de fato? E como isso é aplicado? Vamos entender melhor agora:
Media literacy trabalhando a favor de pautas e conteúdo
O ponto mais importante e necessário da alfabetização midiática no marketing é que ela abre as portas para pautas cada vez mais informadas.
E nem estamos falando sobre pesquisa aqui. Claro que ela é importante. Mas existem alguns tópicos que precisam de muita pesquisa para sequer serem descobertos.
Um exemplo bem claro, mas que é menos simples do que parece:

Essa é a segunda imagem de um post do Clube de Literatura Clássica, um serviço de assinaturas que entrega livros clássicos pelos correios, no estilo TAG Livros.
Esse post foi usado para divulgar a obra Martín Fierro, de José Hernandez, que é um gaúcho.
Ou seja: é necessário conhecimento literário e musical para conseguir chegar nessa pauta, relacionando um estilo musical que une poesia e ritmo com a obra de um gaúcho.
Quem pensou nessa pauta poderia simplesmente pesquisar por “estilos musicais gaúchos” que, depois de um tempo e com bastante atenção nas leituras, eventualmente encontraria algo sobre a Payada.
Porém, essa mesma pessoa poderia até encontrar algo relacionado, mas preferir outros estilos e criar um post bem mais genérico e sem inspiração.
Nesse caso, a media literacy proporcionou um conteúdo de alta qualidade para uma página com um público exigente, que não aceitaria “rock gaúcho” como estilo válido para a comparação.
Se expandirmos isso para a saúde, encontramos posts como esse, da Oya Care:

Somando legenda com o conteúdo nas imagens do carrossel, esse post tem mais palavras do que a quantidade que você leu até agora aqui nesse texto.
Nesse caso, só uma pessoa com media literacy em fertilidade, saúde da mulher e o universo feminino em geral conseguiria pensar nesse post (o assunto é conhecido nesses meios) e desenvolvê-lo bem.
Não é comum encontrar essas qualidades em todos os redatores e equipes de marketing, e nem é esperado.
E isso nos leva ao próximo tópico:
Media literacy no que?
Agora imagine que você seja uma agência de marketing de conteúdo, e que você precise constantemente encontrar novas pautas sobre diversos assuntos para os seus clientes, que são bem diferentes.
Aliás, se imagine produzindo o conteúdo da Oya Care, do Clube de Literatura Clássica e da Cimentos Votorantim ao mesmo tempo, com apenas um redator especialista.
É bastante improvável que esse redator seja especialista em saúde da mulher, literatura e construção civil ao mesmo tempo.
Usamos esse ponto para ilustrar como a media literacy no marketing digital não está associada somente a entender os formatos do marketing digital.
Ela se expande e se torna várias coisas ao mesmo tempo. É possível ser letrado nas mídias da Meta e entender tudo sobre os formatos do Instagram sob uma perspectiva de marketing.
Porém, também é possível ser letrado nisso e ao mesmo tempo ser letrado em outros conhecimentos.
O verdadeiro valor do profissional de marketing está em ter media literacy acima da média, conhecendo vários formatos e principalmente vários tipos de conteúdo.
O media literacy em marketing é básico para conseguir fazer seu trabalho. Mas os redatores da Cimentos Votorantim também têm media literacy em:
- Publicações sobre construção civil;
- Páginas no Instagram sobre construção no geral, incluindo pedreiros amadores;
- Programas de TV sobre construção em geral;
- As movimentações do mercado da construção;
- O mínimo de conhecimento prático para entender os jargões usados;
Dentre outros.
Agora que fechamos de vez o conceito de media literacy no marketing, podemos conversar melhor sobre como montar equipes com vários letramentos diferentes para departamentos de marketing internos.
Vamos juntos:
Como montar equipes diversas para expandir a media literacy do seu departamento de marketing?
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Empresas com departamentos de marketing próprios, voltados para a produção de conteúdo em frentes bem limitadas, precisam contratar pessoas diversas para expandir seu potencial de média literacy.
Pense assim: se todos têm o mesmo nível de media literacy em um assunto específico, é necessário contratar pessoas com letramento em outros assuntos.
Por exemplo: na Cimentos Votorantim, é necessário ter conhecimentos sobre construção civil para sequer chegar na fase 2 das entrevistas.
Mas se você exigir somente esses conhecimentos, você vai acabar montando uma equipe básica, que não consegue criar relações entre a construção civil e o mundo, tornando seu conteúdo desinteressante.
Logo abaixo você acompanha 5 passos para fazer contratações mais pautadas em media literacy com foco na diversidade:
- Processos seletivos amplos, com menos barreiras acadêmicas de entrada;
- Entrevistas com especialistas, com participação do time de marketing;
- Prática: exigência de criação de um post com intertextualidade;
- Criação de script de entrevista com perguntas que busquem investigar as media literacies em jogo.
Vamos expandir cada um desses pontos nos itens logo abaixo:
Reduza barreiras acadêmicas para atrair repertórios diversos
Limitar as contratações a formações específicas pode excluir candidatos com experiências ricas em outras formas de letramento.
Muitas vezes, a inovação em conteúdo vem justamente de pessoas que não passaram por caminhos tradicionais, mas que têm repertórios sólidos em cultura pop, vivências comunitárias, movimentos sociais, produção independente ou comunicação digital.
Quando o processo seletivo valoriza apenas diplomas ou experiências formais, ele restringe o potencial criativo da equipe.
Ao reduzir essas barreiras acadêmicas, você convida perfis múltiplos a compor seu time — pessoas que podem contribuir com olhares únicos sobre os temas mais técnicos da empresa. Diversidade de formação é, também, diversidade de leitura de mundo.
Envolva especialistas e o time de marketing nas entrevistas
A presença de profissionais técnicos — como engenheiros, arquitetos ou especialistas da área de atuação da empresa — é importante para garantir que o conteúdo futuro não perca aderência ao core business.
Mas também incluir membros do time de marketing no processo garante que os candidatos sejam avaliados pela capacidade de transformar esse conhecimento técnico em narrativas acessíveis, empáticas e criativas.
Essa combinação de olhares ajuda a selecionar profissionais que não apenas compreendam os assuntos centrais da empresa, mas que também consigam comunicá-los com fluidez, interesse e estratégia.
Além disso, o time de marketing pode identificar sinais de media literacy em pequenas atitudes, falas ou referências que talvez passem despercebidas por quem está focado apenas no conteúdo técnico.
Peça produções com intertextualidade já no processo seletivo
A criação de um conteúdo com intertextualidade — por exemplo, um post que relacione cimento e sustentabilidade, ou construção civil e cinema — permite avaliar se o candidato tem repertório e agilidade mental para conectar universos distintos.
Isso é essencial em equipes de conteúdo que precisam dialogar com diferentes públicos e plataformas.
Quando você pede essa produção no processo seletivo, observa não apenas a escrita ou a estética, mas principalmente a habilidade de criar relações, estabelecer analogias e trazer novos sentidos a temas que, à primeira vista, parecem restritos.
É um teste prático, criativo e revelador: mostra como o candidato interpreta o mundo e como ele traduz esse olhar em formatos comunicacionais.
Elabore perguntas que revelem os repertórios midiáticos do candidato
Perguntar apenas sobre experiências anteriores em marketing pode limitar a entrevista a uma linha técnica e previsível.
Um roteiro bem elaborado deve incluir questões que explorem as referências culturais do candidato: que tipos de conteúdo consome, quais perfis ou canais acompanha, que mídias alternativas conhece, como se informa no dia a dia, que campanhas marcaram sua trajetória.
Também é interessante investigar como ele ou ela traduz um tema complexo em uma linguagem acessível.
Essas perguntas abrem espaço para que o candidato mostre sua sensibilidade cultural e sua capacidade de transitar entre diferentes registros de linguagem — aspectos fundamentais para quem vai produzir conteúdo relevante em uma empresa com foco técnico, mas com intenção de diálogo mais amplo.
A media literacy também se apresenta de formas poucos convencionais — uma delas é a mistura entre negócios e conteúdo.
É o caso da Bibi Calçados, que firmou uma parceria com a Disney para o lançamento de uma linha exclusiva.
Isso requer media literacy em negócios, que também entendemos como networking e claro: boas ideias.
Veja o case para entender exatamente como isso aconteceu e acontece, e qual foi o papel da Adtail nesse trabalho.
Deixe um comentário para o caso de dúvidas ou apenas para conversar melhor sobre o conceito de media literacy, que realmente não é muito simples de aplicar.
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