
Planejar conteúdo na era da IA, ou pós-IA, é um desafio diferente do que ele costumava ser.
O plano de conteúdo hoje tem características específicas que devem levar a IA em consideração, mas entender quais são essas características, e o que deve ser levado em consideração, é um trabalho bastante desafiador.
A era da IA é, na verdade, a era do domínio da distribuição do conteúdo pelo usuário. E as marcas precisam se adequar para sofrer impactos menores.
Esse é o principal ponto que vamos tratar nesse texto. Primeiro, vamos conversar sobre o que exatamente é esse domínio do usuário, e como ele troca vários intermediários (as marcas que entregavam seu conteúdo) por apenas um — a interface da IA.
Depois vamos entender, de forma mais teórica, como o conteúdo deve se comportar nessa situação — ou seja, quais são as respostas estruturais da produção de conteúdo para se adequar a essa realidade.
E por fim, vamos tratar de uma outra questão, mais prática, oferecendo um plano de conteúdo fictício como exemplo para amarrar de forma prática tudo o que discutimos.
Vamos juntos:
Leituras complementares no blog Adtail
Os maiores impactos da IA para o marketing digital, especialmente no que diz respeito a conteúdo, foram sentidos no tráfego orgânico e SEO.
Então, tudo o que vamos conversar aqui nesse texto está bastante relacionado com tráfego orgânico, e o que ele representa em estratégias de marketing digital — geralmente dentro de um funil de vendas apoiado por um funil de conteúdo.
Para deixar tudo isso mais claro, trouxe aqui alguns links de conteúdo mais introdutório, conversando exatamente sobre esses pontos, caso você queira uma leitura complementar:
➡️ Para o que serve o funil de conteúdo?
➡️ Como a venda orgânica acontece?
➡️ Metodologias de venda: as melhores para 2025
A relação entre a chegada da IA e o tráfego orgânico também já foi explicada aqui no blog.
Imagino que muita gente esteja sentindo os impactos da IA no SEO na pele, mas caso você precise fazer um diagnóstico ou até começar a entender o que está acontecendo, o texto abaixo vai te ajudar bastante:
➡️ Queda no tráfego orgânico - o que acontece agora?
Essas leituras vão trazer um contexto maior para esse artigo, caso você precise. Se você é iniciante no marketing digital, as três primeiras são fundamentais.
Mas se você já é veterano, é importante pelo menos se inteirar da questão do IA no SEO.
O domínio do conteúdo pelo usuário é o “fim” da intermediação das marcas

O que entendemos como a era da IA no marketing digital, ou era pós-IA, é a redução de intermediários para o usuário final interagir com conteúdo textual, especialmente no Google e em esforços de SEO.
Antes, o Google entregava respostas por meio de terceiros — blogs, sites e marcas que produziam conteúdo para SEO.
Agora, a lógica mudou. O usuário continua recebendo respostas via Google ou outras interfaces, mas as marcas deixaram de ser o canal central.
Os esforços de zero-click já apontavam nessa direção, mas o AI Mode acelera: o Gemini responde sem precisar de cliques externos. O mesmo vale para o ChatGPT, que funciona como buscador direto e concentra a entrega em uma interface única.
Isso nos leva a três pontos importantes de entendimento para continuar a conversa:
- O conteúdo no Google vem apresentando baixas graves de tráfego;
- O ChatGPT pode ser usado como mecanismo direto de busca;
- É difícil determinar a origem do seu tráfego quando ele vem por IA;
Vamos conversar melhor sobre eles logo abaixo.
Queda de tráfego no Google
O tráfego orgânico vindo do Google sofre quedas visíveis desde os esforços de zero-click.
Agora, com a adoção do AI Mode, o usuário não precisa mais clicar em links externos: ele recebe a resposta pronta na própria interface.
Isso reduz drasticamente a taxa de acesso a sites e blogs que antes dependiam do SEO como principal motor de crescimento.
Estudos recentes já confirmam essa tendência. A Search Engine Land mostrou que sites de publishers vêm perdendo bilhões de visitas mensais após o lançamento do AI Overviews.
E o Similarweb também reportou quedas relevantes em segmentos que sempre foram fortemente dependentes do Google (fonte).
Esses dados reforçam que não se trata de uma percepção isolada, mas de um movimento global. Isso causa:
- Menor volume de acessos vindos de palavras-chave estratégicas;
- Redução no tempo médio de permanência nos sites;
- Maior dependência de campanhas pagas para compensar a perda de tráfego.
ChatGPT como buscador direto
O ChatGPT deixou de ser apenas uma ferramenta de geração de texto para se tornar um buscador alternativo.
O usuário pode abrir a interface, fazer perguntas em linguagem natural e receber respostas completas, muitas vezes já com referências para aprofundar.
Isso diminui o incentivo de abrir o Google, porque o modelo entrega uma versão simplificada da navegação tradicional.
Isso é ainda mais problemático para o marketing B2B. O usuário está usando o ChatGPT para fazer uma planilha, criar um código, escrever um e-mail etc. Ele, então, vai continuar no GPT para pesquisar algo sobre seu trabalho.
Antes, ele faria essa pesquisa no Google e iria parar no site de alguma empresa B2B, que teria chances de convertê-lo em lead.
Ou seja: o problema do zero-click e do GPT como intermediário não afeta só o tráfego, mas o que o tráfego proporciona: a geração de leads.
E além disso, há uma outra questão: a dificuldade de determinar de onde os cliques da IA estão vindo no Google Analytics. Saiba mais:
Dificuldade em rastrear a origem do tráfego
Além da queda no volume de acessos, surge um segundo problema: a opacidade dos dados.
Quando um usuário interage com conteúdo através de uma IA, os sistemas de análise não conseguem identificar claramente a origem.
Ferramentas como Google Analytics ou Pixel de Meta não capturam se a visita veio de um AI Overview, de um prompt no ChatGPT ou de outro intermediário.
Esse apagão de dados compromete a confiabilidade das métricas. Decisões de investimento em SEO ou marketing de conteúdo ficam mais arriscadas porque os indicadores não revelam com clareza o que está gerando resultado.
O marketing digital, que sempre se apoiou em métricas robustas, enfrenta aqui um desafio que remete ao pré-era dos dados.

Como deve ser o planejamento de conteúdo na era da IA - o Framework DEDE

Importante: o planejamento de conteúdo na era da IA que estamos tratando aqui está relacionado principalmente com o SEO.
Nós temos um texto aqui no blog que fala mais sobre a aplicação da IA em esforços de marketing em geral. Se esse é o seu maior interesse, acesse logo abaixo:
➡️ IA no marketing: onde realmente usar
O planejamento de conteúdo na era da IA precisa atender às seguintes necessidades mais urgentes:
- Derivação: aumentar o tráfego considerando outras fontes de conteúdo;
- Estruturação: aumentar as chances de ser citado pela IA com GEO;
- Divulgação ativa: aumentar as chances de leitura fazendo compartilhamento social, marketing de influência e aplicando copywriting em cada uma dessas divulgações.
Esses são os três pilares principais do planejamento de conteúdo na era da IA, que deixa de ser voltado apenas para a descoberta de pautas e pesquisa de palavras-chave, e passa a ser quase a criação de mini-campanhas para cada material.
Também é importante considerar que o próprio material precisa ser mais denso, e menos básico. Esse último ponto, Evolução, vem como bônus no final da discussão dessa lista.
Vamos entender melhor sobre esses pontos logo abaixo:
Derivação: diversificação de tráfego
O primeiro desafio do planejamento de conteúdo na era da IA é aceitar que o Google não pode mais ser a única fonte de visitas.
A queda do tráfego orgânico causada exige que as marcas busquem novas rotas de audiência. Adaptar-se, nesse caso, significa diversificar canais e criar estratégias que vão além do SEO tradicional.
Isso inclui explorar redes sociais com consistência, investir em formatos nativos como newsletters e podcasts, além de pensar em parcerias que levem o conteúdo a outros territórios digitais.
A lógica de adaptação também envolve entender o papel das plataformas de vídeo e áudio, que funcionam como motores de busca paralelos.
No fim das contas, é tudo sobre adaptar uma pauta para todos os formatos possíveis. Vamos ver como fazer isso na prática mais adiante no texto.
O público pode não chegar mais pela SERP do Google, mas pode descobrir o conteúdo no YouTube, no LinkedIn ou até em um episódio de podcast.
Essa pluralidade de pontos de entrada é o que sustenta um tráfego mais estável.
Estruturação: otimização para GEO
O segundo pilar do planejamento é estruturar os conteúdos para que tenham chances reais de serem capturados e citados pelas IAs.
Essa prática é chamada de Generative Engine Optimization (GEO) e funciona como uma evolução natural do SEO clássico.
Em vez de escrever apenas para aparecer bem posicionado no Google, a produção precisa estar formatada para que a IA extraia e recomende trechos do material.
Isso demanda clareza de organização, precisão de dados e profundidade. Textos com introduções bem definidas, seções claras e informações práticas se tornam mais “extraíveis” pelas IAs.
Além disso, a confiabilidade é determinante: fontes externas, estatísticas e análises originais aumentam a chance de citação.
Estruturar para GEO não é apenas técnica, mas também uma mudança de mentalidade: produzir para ser lido pelo usuário e “interpretado” pela máquina.
Temos um texto que se aprofunda muito mais no assunto. Acesse logo abaixo:
➡️ SEO técnico para IA: ajustes avançados de SEM e SEO
Divulgação ativa: campanhas para cada material
Se antes a lógica era publicar e esperar o tráfego orgânico fazer seu trabalho, agora a divulgação ativa se tornou obrigatória.
Cada material precisa ser tratado quase como uma campanha independente, com esforços de distribuição que envolvem desde redes sociais até marketing de influência.
O alcance espontâneo ainda existe, mas não pode mais ser o pilar de uma estratégia.
A divulgação ativa também passa por aplicar técnicas de copywriting em cada peça de distribuição, seja em um post no LinkedIn, em uma sequência de stories no Instagram ou em uma newsletter.
É a forma como o conteúdo é “empacotado” e reapresentado que determina seu alcance. Além disso, trabalhar com influenciadores do nicho amplia a credibilidade e cria pontos de contato mais diversificados com o público.
Em vez de esperar que as pessoas encontrem o conteúdo, é preciso levar o conteúdo até elas, em formatos adaptados para cada ambiente.
Evolução: densidade e profundidade do conteúdo
O último ponto é a evolução natural do próprio conteúdo. Textos superficiais e introdutórios perderam força, já que a IA consegue responder a questões básicas com eficiência.
Para se destacar, o material precisa ser mais denso, original e profundo, entregando análises que vão além daquilo que pode ser resumido em uma resposta curta.
Isso significa criar guias completos, artigos longos, estudos de caso e comparativos detalhados.
Conteúdos que exploram contextos, trazem visões críticas e apresentam dados originais são mais valorizados tanto pelos usuários quanto pelas próprias IAs, que priorizam referências robustas.
A evolução, portanto, é deixar de produzir apenas para ranquear por palavras-chave e passar a construir materiais que sustentem relevância em longo prazo.

Informações extra para adicionar no plano de conteúdo na era da IA

Bom, então entendemos tudo o que é necessário pensar em relação ao SEO e no planejamento de conteúdo na era da IA.
Agora só fica faltando um plano de conteúdo de exemplo para você entender exatamente como criar o seu para a sua marca.
Se você não tem um calendário editorial pronto, temos um texto que vai te ajudar bastante a criar um:
➡️ Como fazer um calendário editorial dinâmico e competitivo
Abra o seu Excel. Não vamos te fornecer o modelo exato porque você pode criar como bem entender. Mas vamos mostrar quais são as informações que precisam estar contidas na planilha além do básico que esse texto traz.
Elas são:
- Pauta: com densidade de palavras-chave e dificuldade de indexação;
- Divulgação: onde o conteúdo vai ser publicado;
- Adatapção: como o conteúdo deve ser adaptado — ex: se para vídeo, roteiro;
- Pessoas: quem vai realizar o que, quem aprova, quem publica, etc;
- Datas: quando as atividades vão ficar prontas;
Adicionando esses pontos no seu calendário editorial, fica bastante simples ter um plano de conteúdo para a era da IA.
Aliás, criar o plano de conteúdo não é tão complicado. Ele só precisa levar em conta as necessidades de Derivação, Estruturação GEO, Divulgação e Evolução — o Framework DEDE.
Mas também há um outro assunto que é bastante importante: perder a dependência em tráfego orgânico.
Para fechar o texto, vamos conversar melhor sobre esse assunto.
Hora de deixar a dependência do Google de lado em estratégias Inbound
A dependência exclusiva do Google e do tráfego orgânico já não sustenta estratégias de crescimento. A queda no alcance orgânico e o avanço das respostas diretas por IA mostram que confiar apenas em SEO é arriscado.
O caminho para superar esse cenário é adotar um marketing holístico, que combina diferentes frentes de atuação: mídias pagas, produção de conteúdo em múltiplos canais, social media, campanhas com influenciadores e ações de branding coordenadas.
É dessa integração que surgem os resultados consistentes, pois cada ponto de contato amplia a presença da marca e reduz a vulnerabilidade frente a mudanças de algoritmo.
Na Adtail, essa visão se reflete em diferentes projetos.
Para entender em detalhes como esse modelo funciona na prática, conheça os cases da Adtail hoje.
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