Era uma vez um reino encantado de comunicação e marketing, onde empresas e clientes conviviam em harmonia. Isso só era possível graças a uma ferramenta mágica chamada storytelling. Essa arte ancestral, dominada por poucos, tinha o poder de transformar simples mensagens em narrativas envolventes, capturando a atenção e os corações de todos que as ouviam.
É assim, como se fosse um conto de fadas, que abrimos este conteúdo sobre storytelling, a arte de contar histórias. Nos tópicos a seguir, exploraremos tudo sobre esse tema, para que você saiba como aplicá-lo em suas estratégias de marketing. Embarque conosco nessa aventura!
O que é storytelling?
Storytelling é uma prática antiga que envolve a criação e a narração de histórias para transmitir mensagens, valores e emoções.
Essa técnica tem raízes profundas na cultura humana, remontando a tempos em que as histórias eram passadas de geração em geração, preservando tradições e ensinamentos.
A origem do storytelling pode ser traçada até a Grécia Antiga, onde a tragédia grega desempenhou um papel importante.
Dramaturgos como Sófocles e Eurípides escreviam peças que exploravam temas universais, utilizando estrutura narrativa para provocar catarse — uma purificação emocional dos espectadores.
Aristóteles, em sua obra "Poética", identificou elementos essenciais de uma boa história, incluindo enredo (mito), personagens, tema (pensamento), linguagem, melodia e espetáculo.
Ele destacou a importância de uma estrutura coerente, com um começo, meio e fim, além de enfatizar a necessidade de evocar emoções como medo e piedade. (1)
Séculos depois, Joseph Campbell, um estudioso de mitologia comparada, ampliou nossa compreensão do storytelling com sua teoria do Monomito ou Jornada do Herói.
Campbell identificou um padrão comum em muitas histórias ao redor do mundo: um herói recebe um chamado para a aventura, enfrenta desafios e inimigos, recebe ajuda sobrenatural, atinge um clímax decisivo, e retorna transformado com um tesouro ou sabedoria para compartilhar com sua comunidade.
O modelo estruturado por Campbell ressoa profundamente com a experiência humana, tornando as histórias mais envolventes e memoráveis. (2)
O storytelling no marketing digital
No universo do marketing digital, o storytelling é uma ferramenta poderosa para construir conexões emocionais com o público. Em vez de simplesmente promover produtos ou serviços, as marcas utilizam narrativas para criar uma identidade, comunicar valores e engajar clientes.
As técnicas de storytelling permitem que as empresas apresentem os seus produtos como parte de uma jornada heroica, onde o cliente é o herói que, ao usar o produto ou serviço, supera desafios e alcança uma transformação positiva.
Por exemplo, campanhas publicitárias podem seguir a estrutura da Jornada do Herói, mostrando como um produto ajudou um cliente a resolver um problema significativo, proporcionando uma experiência de mudança. Isso não só torna a mensagem mais interessante, mas também cria uma conexão emocional, aumentando a fidelidade à marca.
Assim, o storytelling no marketing digital transforma meras informações em histórias envolventes, capturando a atenção e a imaginação do público, tal como os grandes contadores de histórias fazem.
A importância do storytelling em estratégias de marketing
A importância do storytelling em estratégias de marketing está na sua capacidade única de engajar e persuadir o público, aproveitando os mecanismos da mente humana e da memória.
Historicamente, as narrativas têm sido uma maneira eficaz de transmitir conhecimento, valores e emoções. Isso as torna ferramentas poderosas para conectar marcas com seus consumidores de forma significativa.
A mente humana é naturalmente atraída por histórias bem contadas, pois elas ativam diversas áreas do cérebro, incluindo aquelas responsáveis pelas emoções, pelos sentidos e pela linguagem.
Isso cria uma experiência rica e multisensorial, fazendo com que as pessoas se envolvam profundamente com a narrativa.
Quando uma marca conta uma história que ressoa com os valores, aspirações e desafios do seu público, ela consegue capturar e manter a atenção dos consumidores.
Entende-se que as histórias são muito mais memoráveis do que informações apresentadas de maneira factual. Isso ocorre porque as narrativas seguem uma estrutura que facilita a compreensão e a retenção. Elementos como personagens, conflitos, clímax e resolução ajudam a organizar a informação de uma forma que a mente humana está programada para lembrar.
Quando as marcas utilizam storytelling, portanto, elas garantem que as mensagens permaneçam na mente dos consumidores por mais tempo.
Além de engajar e ser memorável, o storytelling é uma ferramenta poderosa de persuasão. Histórias bem construídas podem evocar empatia, permitindo que o público se coloque no lugar dos personagens.
Essa conexão emocional influencia atitudes e comportamentos, levando os consumidores a sentirem-se mais próximos da marca e, consequentemente, mais inclinados a confiar e comprar seus produtos ou serviços.
A narrativa pode também ilustrar os benefícios de um produto ou serviço de forma tangível, mostrando como ele resolve problemas reais ou melhora a vida das pessoas, o que é muito mais persuasivo do que simples declarações promocionais.
Elementos do storytelling
Antes de iniciar uma estratégia com storytelling, é importante conhecer os três elementos essenciais para uma boa história. São eles:
Personagens
Os personagens bem-desenvolvidos têm características definidas, incluindo qualidades, defeitos, desejos e medos, tornando-os mais humanos e permitindo que o público se conecte emocionalmente com eles.
Além disso, esses personagens precisam ter uma história de fundo que explique as suas motivações e comportamentos.
Para serem identificáveis, os personagens devem refletir aspectos do público-alvo, como experiências compartilhadas, valores ou desafios comuns.
Quando os consumidores veem a si mesmos nos personagens, eles se envolvem mais profundamente com a história.
Outro aspecto importante é a evolução. Personagens que mudam e crescem ao longo da narrativa são mais interessantes e realistas, refletindo a jornada que enfrentam e as lições que aprendem ao longo do caminho.
Conflito
O conflito é o motor da história, fornecendo a tensão necessária para manter o interesse do público.
Ele pode ser interno, envolvendo dilemas pessoais e conflitos emocionais, ou externo, com desafios, obstáculos e antagonistas.
Um conflito bem definido é essencial para manter a audiência engajada. O desenvolvimento progressivo da situação ao longo da narrativa, com aumento gradual de intensidade e complexidade, mantém o público envolvido e ansioso para ver como os personagens irão superar os desafios.
Além disso, o conflito deve ser relevante tanto para os personagens quanto para a trama, estando intrinsecamente ligado aos objetivos e desejos dos personagens.
A resolução do conflito deve representar um avanço significativo na história, proporcionando uma conclusão satisfatória.
Resolução
Uma resolução convincente proporciona uma sensação de conclusão e satisfação emocional.
Ela deve resolver os principais conflitos da história e responder às perguntas levantadas ao longo da narrativa.
Para garantir um fechamento coerente, a resolução deve estar alinhada com os eventos e temas desenvolvidos ao longo da história, evitando soluções abruptas ou artificiais.
Um bom fechamento deve deixar uma impressão duradoura no público, oferecendo uma lição, um insight ou uma emoção que ressoe com a audiência mesmo após o término da história.
No contexto do marketing, uma resolução impactante deve fortalecer a conexão com a marca e incentivar ações, como a compra de produtos ou serviços, deixando uma marca duradoura na mente dos consumidores.
Benefícios do storytelling no marketing
O storytelling oferece inúmeros benefícios no marketing, principalmente ao humanizar marcas e aumentar a conexão com o público.
Veja, a seguir, as principais vantagens de implementar a técnica.
Humanização da marca
O storytelling permite que as marcas se apresentem de forma mais autêntica e acessível, mostrando seu lado humano.
Ao compartilhar histórias sobre suas origens, desafios superados e impacto social, as empresas criam uma imagem mais transparente e inspiradora.
Isso torna a marca mais relatável e digna de confiança, fazendo com que os consumidores se sintam mais conectados a ela.
Aumento da conexão com o público
As histórias bem contadas evocam emoções e experiências que ressoam com as audiências, criando um vínculo emocional mais forte.
Quando os consumidores se veem refletidos nas histórias da marca, eles sentem que fazem parte de uma comunidade maior.
Esse sentimento de pertencimento pode aumentar a lealdade à marca e incentivar o engajamento contínuo.
Diferenciação no mercado
Em um mercado saturado, onde produtos e serviços muitas vezes são percebidos como commodities, o storytelling ajuda a diferenciar a marca.
Ao contar histórias únicas e envolventes, as empresas destacam-se dos concorrentes, mostrando não apenas o que oferecem, mas por que o fazem, e como isso reflete seus valores e missão.
Maior memorização da mensagem
Como comentamos, as histórias são processadas e retidas mais facilmente pelo cérebro humano do que fatos e dados isolados.
Isso significa que as mensagens incorporadas em uma narrativa têm maior probabilidade de serem lembradas e compartilhadas.
Tal efeito amplifica o alcance e o impacto da comunicação da marca, tornando o marketing mais eficaz.
Engajamento contínuo
As histórias envolventes mantêm o público interessado e engajado por mais tempo.
Ao criar uma narrativa contínua, as marcas podem manter a atenção dos consumidores ao longo do tempo, incentivando a interação regular com seus conteúdos e canais de comunicação.
Fortalecimento da lealdade
Quando os consumidores se conectam emocionalmente com uma marca a partir de suas histórias, a lealdade tende a aumentar.
Esse vínculo emocional pode levar a um maior nível de fidelidade, onde os consumidores não apenas preferem a marca, mas também a defendem e a recomendam para outros.
Amplificação do alcance
Histórias cativantes têm maior potencial de serem compartilhadas nas redes sociais e outros canais, ampliando o alcance orgânico da marca.
Quando os consumidores compartilham histórias que os emocionam ou inspiram, eles atuam como embaixadores da marca, promovendo-a para um público mais amplo.
Passo a passo: veja como criar um bom storytelling
Para que você possa criar um bom storytelling, realizar determinadas ações é fundamental. Veja um passo a passo que preparamos para ajudar:
1º passo: faça uma pesquisa de mercado
Antes de criar uma história, é fundamental entender quem é o seu público-alvo. Por isso, realize pesquisas de mercado para coletar dados demográficos, comportamentais e psicográficos.
Utilize ferramentas de análise de dados para obter insights sobre as preferências, interesses e necessidades do seu público.
2º passo: defina as suas personas
Com base nas informações coletadas, crie personas detalhadas que representem os diferentes segmentos do seu público.
As personas devem incluir dados como idade, gênero, ocupação, hobbies, desafios e objetivos.
A ideia é que as personas ajudem a direcionar a história de maneira mais eficaz, garantindo que ela ressoe com o público-alvo.
3º passo: escolha uma mensagem central
A mensagem central da sua história é o coração da narrativa. Ela deve ser clara, concisa e alinhada com os objetivos da sua marca.
Pergunte-se: "Qual é o principal ponto que quero transmitir com esta história?" Certifique-se de que a mensagem seja relevante e significativa para o público.
Também é importante que você mantenha a mensagem central consistente ao longo da história. Evite desvios que possam confundir o público ou diluir a força da mensagem principal.
4º passo: estabeleça o tipo de história
Existem diferentes tipos de histórias que podem ser utilizadas, dependendo dos objetivos da sua campanha. São exemplos:
- História de origem: conta a história da criação da empresa ou produto;
- História de superação: mostra como a empresa ou seus clientes superaram desafios;
- História de transformação: foca na mudança positiva que a empresa ou produto trouxe para a vida dos clientes;
- História de impacto social: destaca ações e iniciativas da empresa que geram impacto positivo na sociedade.
Considerando as possibilidades, é importante que você selecione o tipo de história que melhor se alinha com a mensagem central e os objetivos da sua marca.
5º passo: estruture o seu conteúdo
Uma boa estrutura narrativa é essencial para manter o público engajado. Por isso, use as seguintes técnicas para organizar e desenvolver sua história:
- Introdução: apresente o cenário, os personagens e o contexto. A introdução deve capturar a atenção do público e estabelecer as bases para a narrativa;
- Desenvolvimento: construa o enredo, introduzindo conflitos ou desafios que os personagens precisam enfrentar. Mantenha o público interessado, aumentando a tensão e a expectativa;
- Clímax: deve ser o ponto alto da história, onde o conflito atinge seu ápice e uma resolução parece iminente. Esse é o momento mais emocionante e deve causar um impacto significativo no público;
- Desfecho: resolva o conflito e conclua a história. O desfecho deve fornecer uma sensação de fechamento e reforçar a mensagem central.
Seguindo esses passos, você pode criar histórias envolventes e eficazes que ressoem com seu público, fortalecendo a conexão emocional e transmitindo sua mensagem de maneira impactante.
Técnicas avançadas de storytelling
Além do passo a passo apresentado, se você quiser ter ainda mais sucesso com as suas estratégias de storytelling, é uma boa prática se aprofundar em algumas teorias da literatura.
Veja, a seguir, algumas técnicas literárias mais avançadas e que podem ser aplicadas no seu storytelling.
Tríplice mimese
A tríplice mimese de Paul Ricoeur é uma técnica fundamental para a construção de narrativas profundas e envolventes. Ela consiste em três fases: Mimesis I, Mimesis II e Mimesis III.
A Mimesis I refere-se à pré-configuração, onde os elementos básicos e as ações potenciais do mundo narrativo são estabelecidos, incluindo a criação do contexto, personagens e as regras que governam a narrativa.
Já a Mimesis II é a configuração, onde esses elementos são organizados em uma narrativa coerente, conectando eventos e personagens de maneira lógica e sequencial.
Por fim, a Mimesis III é a refiguração, o processo de interpretação pelo público, onde a narrativa se torna significativa ao ser relacionada com as experiências pessoais dos leitores ou espectadores, criando uma ligação profunda entre a história e o público. (3)
Estratégias gerais da narrativa
Nas estratégias gerais de narrativa, técnicas como foreshadowing, cliffhangers e in medias res são amplamente utilizadas.
O foreshadowing envolve a introdução de pistas ou indícios sobre eventos futuros na narrativa, criando expectativa e mantendo o público engajado.
Cliffhangers terminam capítulos ou seções da história em momentos de alta tensão ou incerteza, incentivando o público a continuar lendo ou assistindo.
Já o in medias res começa a história no meio de um evento crucial, capturando imediatamente a atenção do público e depois preenchendo os antecedentes conforme a narrativa progride. (4)
Efeitos de presentificação
Os efeitos de presentificação incluem o uso de diferentes tipos de narrador, manipulação do tempo narrativo e a utilização de níveis narrativos.
Tipos de narrador como o onisciente, que conhece todos os pensamentos e sentimentos dos personagens, o narrador autodiegético que oferece uma perspectiva limitada e subjetiva, e o narrador em terceira pessoa limitada, que foca em um ou alguns personagens, são ferramentas poderosas para moldar a perspectiva da história.
O tempo narrativo pode ser linear, seguindo uma sequência cronológica dos eventos, ou não linear, saltando entre diferentes períodos de tempo com técnicas como flashbacks e flashforwards.
Além disos, podem ser trabalhados níveis narrativos como a narrativa em quadro, onde uma história emoldura outra(s), e a narrativa meta, que comenta sobre o próprio processo de contar histórias, enriquecem a estrutura narrativa.
Outras técnicas
Outras técnicas avançadas incluem a narrativa fragmentada, que conta a história a partir de pedaços aparentemente desconexos que se juntam para formar um todo coerente, e o fluxo de consciência, que tenta capturar o fluxo contínuo dos pensamentos e sentimentos de um personagem, oferecendo uma visão íntima e subjetiva de sua mente.
A intertextualidade, que envolve referências explícitas ou implícitas a outras obras literárias, filmes ou textos, também enriquece a narrativa com camadas adicionais de significado.
Todas essas técnicas avançadas de storytelling aprimoram a complexidade e a profundidade das narrativas, engajando o público de maneiras inovadoras e impactantes e criando experiências memoráveis e significativas.
Modelos de storytelling
No marketing, há dois modelos de storytelling que são costumeiramente utilizados pelas marcas: o método Pixar e a jornada do herói (que já comentamos brevemente).
A seguir, explicaremos cada um desses métodos de forma mais detalhada. Confira!
Modelo Pixar: estrutura em três atos para contar histórias eficazes
A Pixar é mundialmente reconhecida por suas habilidades excepcionais em contar histórias.
A produtora de animações tem um modelo de narrativa que é frequentemente estruturado em três atos, uma técnica clássica que proporciona clareza, ritmo e emoção às suas histórias. Observe:
Ato 1: apresentação
No primeiro ato, os personagens principais, o cenário e o conflito central são introduzidos. Esse ato estabelece a base da história, apresentando o mundo em que a narrativa se desenrola e o que está em jogo para os personagens.
Exemplo: Em "Toy Story", somos apresentados a Woody, um boneco cowboy que é o brinquedo favorito de Andy.
O mundo dos brinquedos ganha vida e o conflito surge quando Buzz Lightyear, um novo e moderno brinquedo, chega e ameaça a posição de Woody como o favorito do menino.
Ato 2: desenvolvimento
O segundo ato é onde a história se desenrola, os personagens enfrentam obstáculos e desafios, e o conflito se intensifica.
Esse ato é o mais longo e inclui o desenvolvimento do enredo principal e subtramas, levando a momentos de crise e crescimento dos personagens.
Exemplo: em "Procurando Nemo", Marlin, um peixe-palhaço superprotetor, embarca em uma jornada para encontrar seu filho, Nemo, que foi capturado por um mergulhador.
Durante essa jornada, Marlin enfrenta inúmeros desafios e faz novos amigos, incluindo Dory, uma peixinha azul com perda de memória recente.
A busca de Marlin leva a situações de perigo e momentos emocionantes de descoberta.
Ato 3: Resolução
No terceiro ato, o clímax da história é alcançado, o conflito principal é resolvido e a narrativa é concluída.
Esse ato proporciona uma resolução satisfatória para os personagens e o público, amarrando todas as pontas soltas e mostrando as consequências das ações dos personagens.
Exemplo: em "Os Incríveis", a família de super-heróis enfrenta o vilão Síndrome em uma batalha final.
No clímax, eles trabalham juntos como uma equipe para derrotar Síndrome e salvar a cidade.
O ato final mostra a família se ajustando a uma vida equilibrada, onde podem ser super-heróis e viver como uma família normal.
Essa estrutura em três atos é eficaz porque proporciona uma progressão lógica e emocional que mantém o público engajado, oferecendo uma jornada clara e satisfatória do início ao fim.
Ao utilizar essa estrutura, a Pixar cria histórias que são universalmente compreensíveis e emocionalmente ressonantes, capturando o coração e a imaginação do público.
Jornada do herói: o modelo narrativo universal
A Jornada do Herói, formulada por Joseph Campbell, é um modelo narrativo universal encontrado em mitos, lendas e histórias de diferentes culturas.
Para Campbell, a jornada do protagonista deve ser dividida em três atos principais: partida, iniciação e retorno, cada um contendo várias etapas.
A seguir, explicaremos cada uma das etapas usando como exemplo o filme “O Rei Leão”, um clássico da Disney que provavelmente já assistiu ou pelo menos conhece um pouco da história. Veja:
Ato I: partida
O ato I, a partida do herói, é subdividido nos seguintes momentos:
Mundo comum
A vida cotidiana e confortável do herói antes da aventura começar.
Exemplo: Simba vive feliz nas Terras do Orgulho, sob a proteção de seu pai, Mufasa, e se diverte com seus amigos.
Chamado à aventura
O herói recebe um convite para sair de sua zona de conforto e embarcar em uma jornada.
Exemplo: Simba é levado por Scar ao Cemitério dos Elefantes, despertando sua curiosidade e senso de aventura.
Recusa do chamado
O herói inicialmente recusa o chamado por medo, insegurança ou outras razões.
Exemplo: Após a morte de Mufasa, Simba, sentindo-se culpado e com medo, foge para o deserto, recusando suas responsabilidades.
Encontro com o mentor
O herói encontra um guia ou mentor que o prepara para a jornada à frente.
Exemplo: Simba encontra Rafiki, que o ajuda a se reconectar com seu passado e a entender o seu verdadeiro papel como rei.
Travessia do primeiro limiar
O herói deixa o mundo comum e entra no mundo da aventura.
Exemplo: Simba decide voltar para as Terras do Orgulho, deixando a sua vida despreocupada com Timão e Pumba para enfrentar seu destino.
Ato II: iniciação
Uma vez que o herói parte para uma aventura, ele dá início ao segundo ato da narrativa, que divide-se nos seguintes momentos:
Provas, aliados e inimigos
O herói enfrenta testes, faz aliados e encontra inimigos no novo mundo.
Exemplo: Simba, com a ajuda de Timão, Pumba e Nala, enfrenta os perigos representados por Scar e as hienas.
Aproximação da caverna oculta
O herói se aproxima do grande desafio, onde enfrentará seu maior medo ou prova.
Exemplo: Simba retorna às Terras do Orgulho, que estão em ruínas, preparando-se para o confronto final com Scar.
Provação
O herói enfrenta um grande desafio que o transforma.
Exemplo: Simba luta contra Scar, enfrenta a verdade sobre a morte de Mufasa e assume seu papel legítimo como rei.
Recompensa (Apoteose)
Após vencer a provação, o herói ganha uma recompensa ou realiza um grande feito.
Exemplo: Simba derrota Scar e as hienas, recuperando seu reino e restaurando a paz nas Terras do Orgulho.
Ato III: retorno
Finalmente, o herói inicia o seu retorno para o mundo comum, apresentado no início da narrativa.
Esse ato divide-se em:
Caminho de volta
O herói começa a jornada de volta ao mundo comum com a nova sabedoria ou poder conquistado.
Exemplo: Simba, agora como rei, começa a restaurar a ordem e a prosperidade nas Terras do Orgulho.
Ressurreição
O herói passa por uma última purificação ou prova antes de retornar ao mundo comum.
Exemplo: Simba, ao assumir seu papel de rei, simboliza a renovação do ciclo da vida e a superação das sombras do passado.
Retorno com o elixir
O herói retorna ao mundo comum com um "elixir" – sabedoria, poder ou benefício – que ajuda a melhorar o mundo.
Exemplo: Simba traz a sabedoria e a força adquirida durante sua jornada, garantindo um futuro melhor para seu reino e sua nova família.
Sem dúvida, a jornada do herói pode ser analisada em centenas de filmes, séries, novelas, livros e outras produções culturais. Além disso, ela também pode ser aplicada em ações de storytelling no marketing, que aqui é o que nos interessa.
Aplicações práticas do storytelling no marketing digital
Que tal dar uma olhada em alguns exemplos reais da aplicação do storytelling no marketing digital? Selecionamos exemplos bem interessantes. Veja:
Natura - "A Casa de Perfumaria do Brasil"
A Natura usou storytelling digital para celebrar a biodiversidade brasileira e a sustentabilidade.
Em sua campanha "A Casa de Perfumaria do Brasil", a marca produziu vídeos e conteúdo visual para redes sociais que contavam histórias de comunidades que colhem ingredientes naturais de maneira sustentável.
Por meio de posts no Instagram, vídeos no YouTube e blogs, a Natura mostrou o impacto positivo dessas práticas na vida das pessoas e no meio ambiente.
Isso reforçou a identidade da empresa como uma marca sustentável e socialmente responsável.
Coca-Cola - "Essa Coca é Fanta, e Daí?"
A Coca-Cola Brasil utilizou uma abordagem digital inovadora com a campanha "Essa Coca é Fanta, e Daí?".
A campanha transformou um antigo preconceito em uma mensagem de orgulho e aceitação da comunidade LGBTQIAP+.
A partir de vídeos virais, posts nas redes sociais e parcerias com influenciadores, a Coca-Cola lançou latas de Coca-Cola com Fanta dentro, acompanhadas de histórias reais de pessoas que enfrentaram e superaram preconceitos.
A campanha gerou um grande engajamento nas redes sociais, com milhares de compartilhamentos e discussões, mostrando o compromisso da marca com a diversidade e a inclusão.
Dove - "Real Beleza"
Dove implementou a campanha "Real Beleza" no marketing digital para abordar temas de autoaceitação e autoestima.
Com a produção de vídeos tocantes no YouTube, posts no Facebook e Instagram, e parcerias com influenciadores, a marca contou histórias reais de mulheres que enfrentaram desafios relacionados à sua imagem corporal e como aprenderam a se aceitar.
Os conteúdos digitais foram amplamente compartilhados, gerando discussões significativas sobre padrões de beleza e autoestima, e fortalecendo a mensagem de que a verdadeira beleza vem de dentro.
O storytelling é uma estratégia que envolve marketing, branding, produção de conteúdo e muita criatividade. Com toda a certeza, ao investir em ações desse tipo no seu negócio, você terá resultados surpreendentes.
Fale com time da Adtail para saber mais! Nós estamos aqui para ajudar a contar histórias que colocarão a sua marca em uma posição de sucesso.
Referências:
(1) ARISTÓTELES. Poética. São Paulo: Editora 34, 2017.
(2) CAMPBELL, Joseph. O herói de mil faces. São Paulo: Pensamento, 2009.
(3) RICOEUR, Paul. Tempo e narrativa. A tripla mimesis. In: Tempo e narrativa: a intriga e a narrativa histórica. Sâo Paulo: WMF Martins Fontes, 2012.
(4) DAVIDOW, Shelley; WILLIAMS, Paul. Playing with words. New York: Palgrave, 2016.
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